quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Os 15 melhores filmes de 2012 que eu assisti

2012 foi um ano muito bom no cinema, um dos melhores dos últimos tempos. Tivemos o retorno de alguns cineastas aclamados, uma ressurreição dos musicais, quatro filmes que entraram para a lista dos 20 maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos, a reestreia em 3D de alguns clássicos, os 50 anos de uma das franquias mais rentáveis da história, a estreia dos 48 frames por segundo, o anúncio de uma nova trilogia de Guerra nas Estrelas, e duas atrizes tornando-se simultaneamente a mais jovem e a mais velha da história a serem indicadas ao Oscar.

Eu poderia citar mais acontecimentos, mas já se foi o tempo de retrospectivas. Por que, então, eu estou citando os 15 melhores filmes de 2012 só agora? Bom, ocorre que a maioria dos filmes lançados em 2012 não chegaram ao Brasil até recentemente, e foram poucos os que eu tive a oportunidade de assistir antes. Assim, somente um mês após o início de 2012 se tornou plausível para mim compilar esta lista, já que só agora eu posso dizer que assisti a uma boa quantidade de filmes lançados no ano que se passou. Além disso, eu procrastinei a publicação dessa lista. Muito.

O que não significa que essa lista seja perfeitamente completa, já que alguns filmes eu não poderia mesmo ver, dadas as circunstâncias (Django Livre é o exemplo mais óbvio) e outros aos quais eu simplesmente não tive acesso, como uma porção de filmes independentes e um sem-número de documentários e produções internacionais. Ainda assim, essa lista engloba a maioria dos filmes que tiveram grande repercussão em 2012, e por isso eu espero que ela possa ter alguma utilidade apesar de tudo — até porque boa parte desses filmes ainda não está nos cinemas no Brasil, e não teria jeito de eu escrever separadamente sobre todos eles em meio às minhas, er, obrigações estudantis. Sem mais delongas, os 15.

15. Bernie, de Richard Linklater



Sem data de estreia no Brasil

Foi um grande ano para filmes inspirados em fatos reais, e o independente Bernie foi um deles. Trata-se de um componente peculiar, tanto desse subgênero quanto da filmografia do versátil Richard Linklater. Fundindo pseudo-documentário, humor negro, estudo de personagem, policial e comédia de costumes em uma pintura do cotidiano em uma small town do Texas, Linklater compôs uma parábola de tons quentes que só não é completamente inacreditável por se basear em uma história verídica. O roteiro analisa, usando como ponto de partida a popularidade imensa do simpaticíssimo diretor de funeral Bernie Tiede (interpretado com entrega e sensibilidade assustadoras por um Jack Black irreconhecível), a enigmática vida pessoal do sujeito após sua aproximação com a velha chata local (Shirley MacLaine, cheia de gás), e traça uma discussão sobre o limite da bondade humana, levantando no caminho questões sobre justiça e ambiguidade moral. Reflexões à parte, o grande acerto de Linklater foi manter o tom sempre leve, sincero e até divertido, o que é reforçado pela decisão de incluir bem-humorados moradores reais da cidade de Carthage para dar depoimentos. Com essa e outras decisões narrativas inteligentes, Bernie borra a linha entre realidade e ficção, tornando-se ainda mais instigante. É um filme inesperadamente sábio, que merecia bem mais atenção do que recebeu.

14. Detona Ralph, de Rich Moore



Apesar do alto nível da produção cinematográfica em 2012, o gênero da animação teve um ano morno, sem nenhum grande sucesso em particular e quase nenhum filme que empolgou de verdade. Nem tudo foram trevas, porém: a Disney, que há tempos não dava ao público algo no nível que se costumava esperar dela, finalmente conseguiu acertar o tom em uma produção em CGI, com o divertido, comovente e vibrante Detona Ralph. Apostando em um universo pouco explorado pelo cinema apesar de seu imenso apelo pop, o filme acompanhou a saga de um vilão de videogame tentando se tornar herói para que seus colegas finalmente expressassem alguma gratidão pelo trabalho que ele fazia há mais de 30 anos — um conceito brilhante e carregado de subtexto que ecoa a moralidade cinzenta dos filmes da Pixar. Graças a uma direção carregada de segmentos de brilhantismo (que encontram nuances de sutileza impressionantes no minucioso design de som) e um design de produção estonteante que merecia ter sido indicado ao Oscar, o filme também se mostrou uma espirituosa homenagem ao mundo dos games, algo que, considerando a história do meio, já estava mais que na hora de acontecer. E, ao contrário do que a intrincada lógica interna e o tema "pop" pudessem fazer parecer, Detona Ralph revelou-se até mesmo bom pra Disney, com uma fila de personagens memoráveis e um gran finale carregado de emoção. Será o prelúdio de uma terceira era de ouro para o estúdio?

13. Compliance, de Craig Zobel



Sem data de estreia no Brasil

Há um certo padrão de desafio e desconforto observável nos bons filmes que passam despercebidos pelo público, e que é bastante perceptível em Compliance. Lançado primariamente em festivais mundo afora, é um filme tenso, perturbador, e absolutamente necessário sobre autoridade e totalitarismo, cuja escala, ao contrário do esperável, não poderia ser menor: passa-se inteiramente em uma tarde, em no máximo três ou quatro ambientes dentro de um restaurante de fast food. A tensão em questão é escalar, partindo dos inocentes problemas de falta de estoque enfrentados pela gerente do tal restaurante e engrenando com uma misteriosa ligação da polícia, que afirma que uma das jovens funcionárias do local roubou dinheiro de uma cliente. O espectador percebe logo que o interrogatório e as instruções que se seguem constituem uma operação suspeitíssima, mas o filme nos desafia a afirmar que agiríamos diferentemente ao registrar, com apropriada neutralidade, as decisões muito mal-pensadas que os personagens vão tomando, e que vão agravando mais e mais o turbilhão imposto pelo suposto oficial do outro lado da linha — trata-se, afinal, de um caso verídico, e que se repetiu dezenas de vezes ao redor dos Estados Unidos, o que torna impossível relevar as atitudes dos personagens como simples burrice. Não, são algo mais do que isso, afirma Compliance: são, e essa é a dura mensagem que fez muita gente deixar a sessão antes do final em Sundance, uma prova da facilidade humana de ceder a figuras de autoridade, por mais extremas que sejam as circunstâncias.

12. Lincoln, de Steven Spielberg



Dado o caráter divisivo dos trabalhos recentes de Spielberg (Cavalo de Guerra, Indiana Jones 5, Guerra dos Mundos, O Terminal etc.), Lincoln foi o mais próximo que o diretor chegou de uma unanimidade na ultima década. É justo: essa cinebiografia sóbria e didática é um dos filmes mais ricos e equilibrados do ano, e, considerando o tema e o diretor, isso é um feito e tanto. Contando apenas uma seção da história do amado presidente, Spielberg dá conta de transmitir a admiração que o povo sentia por ele sem, para isso, privar Lincoln de sua humanidade (o que também se deve, é claro, à atuação assombrosa de Daniel Day-Lewis). O enredo relativamente enxuto sobre o final da Guerra Civil americana e da escravidão — entre outros finais, inevitavelmente — serve, inclusive, como pano de fundo histórico para o vencedor do Pulitzer Tony Kushner dar uma aula de roteiro, explorando as mecânicas da política e da guerra para criar uma história que entretém e informa sem fazer concessões. É, feitas as contas, um filme capaz de capturar o interesse até daqueles pouco interessados na história dos Estados Unidos, tanto pelo seu jeitão assumido de drama para toda a família quanto pela personalidade magnética de Lincoln, que, embora claramente falho, surge a todo tempo como um ser fascinante, carregando sempre na ponta da língua um discurso elaborado. Talvez, verificando a recepção ao estilo mais comedido que adotou nesse projeto, Spielberg passe a entregar obras mais moderadas e intelectualmente satisfatórias nos próximos anos. Seria uma mudança bastante radical para quem está acostumado ao seu estilo carregado — não obstante, uma mudança pra melhor.

11. O Lado Bom da Vida, de David O. Russell



David O. Russell tem sua parcela de detratores (isso acontece quando você faz sucesso suficiente), mas há que se adimitir que ele é um realizador volúvel. Em seu trabalho mais recente, O Lado Bom da Vida, Russell desvia um pouco do drama seco explorado em O Vencedor, e se aproxima mais do tom cômico que marcou o início de sua carreira para adaptar o romance de Matthew Quick sobre um homem e uma mulher com problemas. Os "problemas", aqui, são vários, e quanto menos se falar deles, melhor: em suma, essa quase-comédia-quase-drama com entretons românticos se propõe mais a observar seus personagens do que em contar uma história interessante com eles — e, talvez por isso, o enredo é na verdade bastante previsível, sem fugir muito de convenções romcômicas. Não que isso seja um problema; o forte de filmes desse tipo nunca pretende ser a história, mas sim as pessoas de quem se fala, suas interações, seus atos questionáveis e os conflitos internos que se evidenciam nestes. E, nesse aspecto, o filme é infalível, compondo em cada personagem uma pintura rica e cheia de matizes sutis, o que, claro, também é ajudado pelo elenco antológico (Jennifer Lawrence chega perto de merecer o Oscar, e Bradley Cooper é ainda mais impressionante). Os diálogos, adaptados pelo próprio diretor, são igualmente aplaudíveis em sua vertiginosa sucessão, e conseguem ao mesmo tempo divertir com suas ironias e duplos-sentidos e revelar mais sobre a natureza dos complexos personagens. É também, diga-se de passagem, um filme engraçadíssimo, mas que consegue apesar disso atingir a empatia e a profundidade temática almejadas graças a uma sensibilidade diretorial incomum para produções como essa.

10. Cinco Anos de Noivado, de Nicholas Stoller



(CRÍTICA PUBLICADA EM 07/12/12)

Cinco Anos de Noivado foi uma das melhores surpresas do ano: um romance adulto que, travestido de romcom e marquetado como uma fita hilariante na forma de Missão Madrinha de Casamento, acabou se revelando um dos trabalhos mais profundos e com mais a dizer sobre relacionamentos na memória recente. Talvez por isso, foi também uma decepção nas bilheterias — tanto é que só foi lançado em DVD no Brasil. Contando uma história desalentada que por vezes beira o melodrama, esse terceiro trabalho diretorial de Nicholas Stoller consegue encontrar um equilíbrio impressionante entre os risos e a gravidade temática ao compor um pesaroso retrato do titular noivado entre Tom e Violet, que vai se prolongando cada vez mais graças às escolhas profissionais e pessoais que os dois fazem. Sem tomar partido ou desmerecer as emoções dos personagens — o que inclui os secundários, que muitas vezes chegam a surgir como espelhos metafóricos do comportamento dos dois protagonistas —, Stoller e seu co-roteirista, o também ator principal Jason Segel, fazem algo que cada vez menos comédias românticas sequer se dão ao trabalho de tentar: contam uma história envolvente e divertida e desenvolvem personagens cativantes sem perder de vista o realismo. O que não impede o diretor de orquestrar a obra com uma sutileza também rara nos trabalhos do gênero.

9. A Viagem, de Tom Tykwer e Andy e Lana Wachowski



É fácil não gostar de A Viagem. O filme tem todas as peças no lugar pra ser uma pretensiosa e insuportável produção inflada: duração de quase três horas, megaelenco, subtemas espíritas, cronologia que engloba séculos, realização de Lana e Andy Wachowski, presença de vários personagens interpretados pelos mesmos atores através do uso de maquiagem protética elaborada... Peraí. Presença de vários personagens interpretados pelos mesmos atores através do uso de maquiagem protética elaborada? Num filme orçado em aproximadamente 100 milhões de dólares? É isso mesmo, e se isso não capturou sua atenção, eu jogo a toalha. A Viagem é exatamente esse tipo de filme, um épico de ambições astronômicas que visa pisar em território ainda inexplorado por grandes superproduções ao contar seis histórias em períodos cronológicos diferentes (duas delas no futuro) com um elenco relativamente reduzido que se reveza em vários papéis, muitas vezes de gêneros ou raças diferentes das dos atores. E, quer você goste ou não do(s) enredo(s), que aborda(m) temas universais como amor, desejo de respostas e a busca por liberdade com base em um aclamado romance de David Mitchell, é inegável que o filme constitui um primor técnico e visual com poucos paralelos na memória recente, tornando-se assim uma experiência cinematográfica essencial apenas por seu âmbito gigantesco. Mas os Wachowski e Tom Tykwer não se contentam com o espetáculo visual, e se esforçam (seu sucesso, aí sim, é mais debatível) em contar histórias interessantes e ricas em tonalidades temáticas ao mesmo tempo em que criam uma realidade interna e interconectada que surpreende pela sua autoconsciência e complexidade de detalhes. Não é para todos — mas é definitivamente para ser lembrado.

8. Argo, de Ben Affleck



Filmes como Argo são uma armadilha: contando histórias simples com proficiência, eles são tão hábeis em satisfazer o espectador e ir além de suas expectativas básicas que mal tentam disfarçar a sua natureza em geral pouco grave ou desafiadora, cegando-nos às suas eventuais falhas e preocupando-se apenas em ser filmes eficientes. Nos piores casos, esse tipo de estratégia de realização produz passatempos descartáveis que desperdiçam o talento dos envolvidos; nos melhores, produz filmes como o de Ben Affleck, que funcionam bem para todos os gostos e nem por isso deixam a profundidade de lado. Em Argo, portanto, Affleck investe em uma abordagem perfeitamente acessível, nem excessiva nem demasiadamente crua, para contar uma história verídica que, por si só, já vale o programa: a de um agente da CIA que, para conseguir resgatar seis funcionários da embaixada americana em Teerã em plena Revolução Iraniana, bola um plano bastante inusitado, que envolve a criação de uma produção cinematográfica falsa. A história tem desfecho conhecido, mas isso não lhe subtrai qualquer tensão (a sequência final é, por mais que odeie a expressão, de tirar o fôlego), já que Affleck demonstra fluência irretocável no que diz respeito a conduzir sua história com firmeza e deixá-la falar por si mesma. Assim, o filme se mostra uma aventura de suspense envolvente e também um registro histórico sensível e inteligente, que dribla quaisquer imperfeições menores em seu roteiro graças a uma produção cuidadosa e um excelente elenco.

7. As Sessões, de Ben Lewin



As Sessões é um filme extremamente corajoso — não porque tencione chocar ou abalar o espectador, mas por tentar fazê-lo pensar sobre um assunto que, como o próprio filme deixa claro, constitui um tabu injusto: o sexo. Prova desse mérito é que o filme é consistentemente tenro, até ensolarado, apesar de tocar no fundo de temas nada rasos e de conter múltiplas cenas de nudez frontal e sexo explícito. Afinal, pensando bem, contar uma história real como a de Mark O'Brien, poeta/jornalista poliomielítico que não possui movimentos abaixo dos ombros e um dia começa a se consultar com uma terapeuta sexual, com a leveza que o filme adota exige ainda mais coragem do que abordar o tema de forma pesada e chocante, como geralmente acontece. Em vez de se entregar a excessos, o diretor/roteirista Ben Lewin abre a história em discussões francas e interessantes sobre vários dos aspectos da experiência sexual, através de um grupo colorido de personagens coadjuvantes e de um trio de tour-de-forces nos papéis centrais. William H. Macy demonstra sua versatilidade em uma atuação atipicamente contida como o padre a quem O'Brien consulta; Helen Hunt se entrega admiravelmente ao papel complicado da terapeuta sexual Cheryl Cohen-Greene, que transpira segurança e empatia mesmo quando despida; por fim, John Hawkes faz um trabalho absolutamente espetacular na pele de O'Brien, usando apenas seus olhos, sua cabeça e sua voz débil para transmitir uma infinidade de emoções, e ao mesmo tempo tornando o personagem inesperadamente interessante graças a um excelente timing cômico. As Sessões é um filme que merece ser visto por todas as pessoas com idade pra se preocupar com sexo — até porque, como afirma o filme, o tema merece ser visto com uma mente mais aberta.

6. Indomável Sonhadora, de Benh Zeitlin



A maior parte do que tem se falado deste Indomável Sonhadora diz respeito à atuação da pequena Quvenzhané Wallis, hoje com 9 anos e que tinha 6 quando o filme foi rodado. E, embora seja sempre um risco destinar tamanho prestígio a um ator ou atriz mirim — não raro, os anos revelam que o seu sucesso inicial foi obra de um bom diretor de atores ou mesmo pura sorte —, Wallis é de fato impressionante, carregando o filme com segurança e intensidade raramente vistos em produções estreladas por atores mais experientes. Mas não se deixe enganar pelo diabético título em português: o mérito dessa pequena gema indie, longa de estreia do diretor Benh Zeitlin, vai muito além dessa fabulosa escolha de casting (que, por sinal, não é a única no filme: todo o elenco de amadores é eficiente, com destaque para o surpreendente Dwight Henry). Filmando a história de uma moradora de 6 anos de uma comunidade isolada em um igarapé de Louisiana, Zeitlin, junto com sua corroteirista Lucy Alibar, autora da peça que inspirou o filme, consegue a proeza de encher a saga da menina e seu pai de heroísmo, fantasia e mágica ao mesmo tempo em que aborda o conflito crescente do filme com uma câmera trêmula e por vezes cínica, encantando ao mesmo tempo em que atira sobre o espectador toda a brutalidade da condição de um grupo de pessoas marginalizadas pela sociedade. É, dessa forma, uma tradução perfeita do ponto de vista de uma criança sobre aquela realidade dura mas indubitavelmente recompensadora.

5. As Vantagens de Ser Invisível, de Stephen Chbosky



Não é frequente que romancistas tenham a oportunidade de adaptar suas próprias obras para as telas. É este, porém, o caso de As Vantagens de Ser Invisível — e, como seria de se esperar, o resultado do trabalho do autor/diretor/roteirista Stephen Chbosky, que faz aqui sua primeira incursão na sétima arte, é uma produção com um certo tino literário. Abrindo com uma narração em off que nos apresenta logo de cara ao poético solilóquio do protagonista Charlie, o filme enfoca uma história pouco farta em grandes acontecimentos, em que vemos os altos e baixos do primeiro ano da high school experience do personagem de Logan Lerman, e a sua gradual e delicada familiarização com o mundo adulto que o aguarda, no que constitui uma jornada sincera que Chbosky enfoca com capacidade de observação equiparável à de um bom livro. Toda essa complexa quietude pode parecer um tanto autoindulgente no papel, mas o filme também dá conta de criar simpatia — e nostalgia — em torno das experiências de Charlie e seus amigos — as wallflowers do título, espécies de desajustados sociais que formam entre si um vínculo valioso em suas cruzadas pela adolescência. É nesses jovens diversos e perceptivos, inclusive, que está aquilo que torna este um trabalho bem acima do esperável, e, principalmente, digno de cinema: da irmã mais velha sensível de Nina Dobrev à budista sardônica da terrivelmente subestimada Mae Whitman, o elenco de As Vantagens de Ser Invisível se mostra consistentemente capaz de trazer à vida o texto de Chbosky com a verve e o calor necessários para fazê-lo voar alto. Sobre o magnífico trio central de Lerman, Emma Watson e Ezra Miller, basta dizer que, ao final do filme, eles lhe terão feito sentir na pele as "vantagens" nominais — e também, cá e lá, as desvantagens.

4. Moonrise Kingdom, de Wes Anderson



(CRÍTICA PUBLICADA EM 14/11/12)

Wes Anderson é um dos diretores mais amados do cinema atual — e também, naturalmente, um dos mais odiados, graças à sua forte inclinação idiossincrática que torna cada um de seus filmes uma criatura imensamente peculiar. E, embora responsável por jovens clássicos como Três é Demais e Os Excêntricos Tenenbaums, Anderson ainda não havia conseguido produzir um trabalho propriamente "universal"; até mesmo o tocante O Fantástico Sr. Raposo teve seus anti-fãs. Tal é a conquista de Moonrise Kingdom, que, embora fiel ao estilo reconhecível de seu realizador, é sem dúvida sua obra mais humana e comovente. A começar pelo foco: os adultos complicados e melancólicos dos trabalhos anteriores de Anderson exercem aqui papéis secundários, dando espaço para a história de um casal apaixonado de pré-adolescentes, os quais, embora maduros e astutos, em nenhum momento demonstram a precocidade absurda de outras crianças hollywoodianas. Sam e Suzy são, sim, seres interessantes, assim como todos os outros, velhos ou jovens, que povoam o filme; sua trajetória literal e metafórica pela tempestade do amor proibido é, nas mãos cada vez mais hábeis do diretor, um primor cinematográfico desconcertante, misturando no mesmo pote aventura, romance, humor e doses pontuais de sarcasmo e drama ácido, tudo em conjunção com uma produção visualmente rica e um elenco costumeiramente invejável. Trata-se de uma estreia notável, não só para os protagonistas Kara Hayward e Jared Gilman, mas também, ao que parece, para esse novo, mais acessível e mais fluente Wes Anderson.

3. A Hora Mais Escura, de Kathryn Bigelow



Como definir "coragem" na produção cinematográfica? Pode-se, para começar, tomar emprestado alguns conceitos tidos como essenciais na indústria hollywoodiana — pulsos narrativos familiares, durações tão enxutas quanto possível, satisfação emocional, enredos frenéticos, apelo carregado e constante aos sentidos — e buscar os trabalhos que os avertem; é necessária tão maior intrepidez, então, para fazê-lo sob o peso de um orçamento alto e uma grande distribuidora. Ademais, são notáveis os filmes que ousam nos apresentar à realidade dos fatos quando estes se apresentam amargos ou nauseantes, e que nos obrigam a refletir sobre conceitos incômodos que de outra forma ignoraríamos. Filmes como esses rareiam muito mais do que deveriam, de modo que quando surge uma obra que satisfaça a todos esses testes de bravura, é sempre uma ocorrência singular. Kathryn Bigelow já havia chamado atenção suficiente para uma carreira inteira ao retratar sem misericórdia o horror da Guerra do Iraque em seu Guerra ao Terror, que a estabeleceu como uma cineasta excepcionalmente segura e desafiadora num âmbito em geral dominado por homens. Agora, com este corajoso A Hora Mais Escura, ela se consolida como a atual rainha do filme de guerra: conduzindo a produção cuidadosa, o roteiro intricado de Mark Boal e a arrepiante anti-heroína de Jessica Chastain pelos dez anos de busca por Osama Bin Laden com mão implacável e tensão crescente, Bigelow obriga o espectador a encarar todos os tons de cinza da história em maior parte verídica, em mais um atestado antológico do poder do cinema como jornalismo.

2. Amor, de Michael Haneke



Foi um ótimo ano para trabalhos supreendentemente tocantes de diretores cerebrais: Amor é atipicamente sentimental para o impiedoso Michael Haneke. O que não significa que, ainda se tratando de uma obra do diretor de Caché, Violência Gratuita e A Fita Branca, este seja um filme fácil de assistir. Longe disso. Amor é apropriadamente penoso, fazendo jus à reputação do sentimento homônimo, embora não seja um filme apenas sobre o amor. Sim, este é um elemento-chave na história trágica de Georges e Anne (interpretados de maneira dilacerante por Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva), mas, em última análise, o laço de décadas entre os dois possui a função de expor o tema central em cena, que é o envelhecimento. E que exposição: lançando mão de planos longos, diálogos cortantes, drama humano e escalar, e até mesmo a ocasional metáfora visual, Haneke pinta um quadro angustiante da realidade dura e por vezes inevitável pela qual passam os membros da "melhor idade" (será difícil para mim levar tal expressão a sério novamente). Sua segurança como realizador é onipresente, desenvolvendo o filme de maneira emocionalmente intensa sem deixar de conferir uma melancólica quietude ao desenrolar das coisas. Talvez seja inconsistência da minha parte incluir um filme austríaco falado em francês em meio a um apinhado de produções americanas, mas fala-se aqui de um filme que, mais do que merecer, requer uma posição em qualquer compilação dos melhores do ano. Amor é um raro retrato sem rodeios daquilo que a condição humana tem de mais desesperador — e também, e é aí que reside a sua grandeza, de mais singelo.

1. O Mestre, de Paul Thomas Anderson



O Mestre poderia ser um clássico. Os ingredientes estão lá: uma trama intrigante e repleta de reticências audazes, um tema polêmico com ambientação num período ambíguo da história americana, um elenco absolutamente fabuloso e um comando seguro, pleno e visualmente apurado de um dos maiores diretores do nosso tempo. Mas provavelmente não vai ser o caso — arrisco afirmar que sua maior chance de eternização é através do universo cult — simplesmente porque a definição de "clássico" implica na perpetuação de uma fita no ideário cultural da sociedade, e esse não é, nem de longe, um filme para todo mundo. Na verdade, O Mestre nos dá uma boa ideia do que acontece quando o gênio criativo de um grande artista é completamente desenfreado; aqui, Paul Thomas Anderson coloca a preocupação de entreter e/ou agradar a audiência em segundo plano, e o que ele derrama sobre a tela é uma expressão pura (na medida do possível; este ainda é um filme da The Weinstein Company) da sétima arte em sua forma mais complexa, detalhada, desafiadora e explosiva. O que não significa que O Mestre não seja intimista ou sutil quando necessário: por vezes, o estudo de personagem a que boa parte do filme se propõe espanta por sua brilhante contenção, e pelo tato de Anderson para saber quando derrubar bigornas e quando restringir informações cruciais ao subtexto e à analogia. O resultado desse apuro é um trabalho ora hipnótico, hora incômodo, mas nunca menos que fascinante, e que ainda por cima levanta uma penca de questões profundas sobre temas como necessidade de religião, mecânica familiar, mentalidade de rebanho, psicologia da guerra, ilusão de grandeza, alcoolismo, e a cultura estadunidense como um todo. E é claro que, sendo Anderson também o roteirista, o filme toma o cuidado de construir, em meio a todo o seu esplendor artístico, uma fila de personagens complexos e multifacetados que se traduzem perfeitamente nas performances geniais do elenco encabeçado pelos espetaculares Joaquin Phoenix e Philip Seymour Hoffman. É, enfim, uma obra-prima: atemporal ainda que sem qualquer pretensão de ser querido por todos.

Menções honrosas

Sete Psicopatas e um Shih Tzu, de Martin McDonagh. Embora não alcance o brilhantismo pós-moderno que pretende, este segundo trabalho de McDonagh é uma dramédia inteligente e divertidamente subversiva.
007: Operação Skyfall, de Sam Mendes. O melhor arrasa-quarteirão em live-action de 2012, consegue a proeza de ultrapassar o hype graças a um roteiro admiravelmente esperto e ótimas atuações.
O Impossível, de Juan Antonio Bayona. Comprova a força eterna de uma boa história bem-contada, satisfazendo emocionalmente ao mesmo tempo em que surpreende pelos seus valores de produção.
Safety Not Guaranteed, de Colin Trevorrow. Um indie de inteligência incomum, modesto na superfície mas profundamente sensível em sua execução e na abordagem de seus temas. Aubrey Plaza é memorável.
Arbitrage, de Nicholas Jarecki. Uma desconstrução tensa e viciante do tipo "executivo carismático" geralmente associado a Richard Gere — que, por sinal, faz um trabalho excelente.
Anjos da Lei, de Phil Lord e Chris Miller. Ao contrário da norma para produções baseadas em séries de TV, essa é uma comédia de colegial surpreendentemente hilária e autoconsciente.
Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, de Christopher Nolan. Um trabalho que se destaca de imediato se apenas por ser uma superprodução desavergonhadamente pretensiosa — e não digo isso como uma crítica.
ParaNorman, de Chris Butler e Sam Fell. Além de ser lindamente detalhista em sua concepção visual, diverte bastante ao se entregar de corpo e alma à aventura à moda antiga.
Valente, de Mark Andrews e Brenda Chapman. (CRÍTICA PUBLICADA EM 15/11/12) Irrepreensível em seu conceito e temática, só não é um grande filme por problemas de execução.
Os Vingadores - The Avengers, de Joss Whedon. Ninguém cobraria, ou esperaria, um filme de super-herói ultra-antecipado com vocação autoral. Mas é justamente isso que Whedon entrega aqui.
Piratas Pirados!, de Peter Lord e Jeff Newitt. Não é o maior trabalho da Aardman, mas a destreza cômica e o pastelão sofisticado que se esperam do estúdio estão presentes em profusão.
Jogos Vorazes, de Gary Ross. Um bicho estranho na galeria de adaptações de bestsellers juvenis: além de ermo e violento, toca em temas profundos com bastante propriedade.
As Aventuras de Pi, de Ang Lee. Não é a palavra final sobre fé que parece acreditar ser, mas vale a pena ser visto por seus visuais espetaculares e sua história inegavelmente cativante.
Magic Mike, de Steven Soderbergh. Transcende o rótulo de "filme de strippers masculinos", fazendo um estudo quieto e perceptivo da falta de propósito do início da idade adulta.
Looper, de Rian Johnson. Dramaticamente eficaz, este noir sobre viagem no tempo consegue levantar várias bolas filosóficas intrigantes, ainda que erre alguns chutes.
O Voo, de Robert Zemeckis. Não traz muita coisa nova ao arquétipo do alcoólatra em negação, mas ainda é um thriller satisfatório com bons atores e pelo menos uma sequência memorável.
Holy Motors, de Leos Carax. Um legítimo filme de arte, opaco e repleto de simbolismos, que compensa pela sua incompreensibilidade com devoção legítima ao seu meio e objeto de discussão.


UPDATE: Tendo assistido a Django Livre, coloco-o mais ou menos entre As Sessões e Argo.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Mea culpa

Eu sou um ser humano. Sou suscetível a falhas, erros, equívocos, decepções e promessas não-cumpridas como todos os outros. Portanto, apesar de ter assistido a um número enorme (ENORME) de filmes recentes (alguns lançamentos, inclusive) nas primeiras semanas de 2013, e ter prometido dar atenção igual a todos esses trabalhos, eu não consegui chegar nem perto disso. A última vez em que escrevi foi há mais ou menos três semanas.

O fato é que eu não parei de assistir um número de absurdo de filmes, porque estou atualmente em preparação para o Oscar (aliás, também negligenciei a coluna que deveria tratar dele), e portanto preciso assistir ao máximo de filmes possível antes do dia 24 de fevereiro. Até agora está indo tudo bem, mas em meio a essa maratona eu não tive tempo pra escrever. (É bem verdade que eu poderia ter escrito nos dias que precederam o início dessa maratona, mas, bem, eu sou um ser humano. Sou suscetível a falhas, erros...)

Mas, a despeito do histórico, eu não esqueci desse blog, e continuarei escrevendo sobre os filmes dessa vida. Inclusive os que eu assisti no início do ano e que não fazem parte do meu cramming para o Oscar, e que eu mesmo já pensava ter abandonado. Não: os filmes na lista a seguir SERÃO abordados, mais cedo ou mais tarde, neste blog. A maioria deles vem de tempos passados, evidentemente. Alguns eu vi no cinema, alguns em casa. Eles não têm absolutamente nada a ver um com o outro.

  • As Aventuras de Pi, 2012
  • Anjos da Lei, 2012
  • Para Roma, com Amor, 2012
  • O Preço do Amanhã, 2011
  • O Artista, 2011
  • Jogos Vorazes, 2012
  • A Era do Gelo 4, 2012
  • Jane Eyre, 2011
  • Arbitrage, 2012
  • Hotel Transilvânia, 2012

  • Tentei listar os filmes na sequência em que assisti, portanto não há preferência envolvida na ordem. (Mas eu posso adiantar que, realmente, gostei mais de As Aventuras de Pi do que de Hotel Transilvânia.)

    Adicionalmente, eu escreverei sobre as dezenas de filmes que assisti essa semana e na outra em futuras retrospectivas de 2012. E, antes que o estimado leitor reclame do atraso, é cabível lembrar que eu não tive a oportunidade de assistir à maioria dos filmes lançados em 2012 nos EUA até recentemente. (Sim, os EUA. Eu sempre me oriento mais pelo que passa lá. É crônico.)

    That's all, folks. Eu espero conseguir assistir todos os filmes que pretendo o quanto antes, já que será difícil me acostumar ao Ensino Médio ENQUANTO eu sigo um plano que me obriga a ver um ou dois filmes por dia no mínimo. Se eu tiver sucesso na minha missão, o leitor será o primeiro a ficar sabendo.

    sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

    Resenhas back-to-back: 15/16

    Eu assisti a mais ou menos nove filmes nos últimos 6 dias, e pretendo escrever sobre todos eles. Essa situação exige medidas drásticas, e o que eu decidi fazer foi inaugurar um novo bloco batizado de "Resenhas back-to-back", em que escreverei sobre dois filmes com uma cajadada só em textos mais curtos que o normal.

    Os escolhidos de hoje não foram assistidos em sequência (o filme que escrevi entre os dois será discutido isoladamente em outra inauguração de bloco mais tarde), mas são aqueles que inspiraram os textos mais curtos. Uma já saiu de cartaz faz tempo e a outra acabou de entrar, porém eu exorto-vos a desconsiderar a diferença de tempo.

    De Pernas pro Ar 2, de Roberto Santucci

    Brasil, 2012. Comédia/Romance. 98 min. Direção: Roberto Santucci. Escrito por: Mariza Leão, Paulo Cursino, Ingrid Guimarães e Marcelo Saback. Elenco: Ingrid Guimarães, Bruno Garcia, Maria Paula, Eriberto Leão, Denise Weinberg, Cristina Pereira, Christine Fernandes, Tatá Werneck, Luis Miranda. Classificação indicativa: 14 anos.

    Me ocorreu há algum tempo que eu nunca escrevi nada sobre um filme nacional nesse blog, provavelmente porque eu raramente assisto a produções brasileiras (não há um motivo específico para isso, antes que você pergunte). Por circunstância, acabei indo ver essa semana a continuação justamente daquele que, se bem me lembro, foi o último nacional que assisti. E, se De Pernas pro Ar chegava a ser embaraçoso em sua ineptidão, De Pernas pro Ar 2 acabou se revelando uma grata surpresa. Não tão bom a ponto de redimir o primeiro, mas aí já é pedir demais. Pra começar, o orçamento do filme teve um bem-vindo upgrade, eliminando os erros grosseiros de produção que tornavam o primeiro impossível de levar a sério. Em segundo lugar, os realizadores perceberam que enquadrar mulheres conversando sobre vibradores não é suficiente para dar interesse feminino a um flime, e investiram em uma trama que pode agradar tanto a, erm, "mulheres modernas" quanto ao resto do público em geral. E, se é inegável a confusão provocada por ambientar metade da ação em um spa isolado cheio de "figuras" e a outra metade em plena Nova York (o primeiro ato parece até existir apenas para que a projeção alcance 90 minutos), pelo menos o filme é tonalmente sólido.

    Ainda assim, a saga de Alice tentando inicialmente relaxar em um spa para depois ir abrir uma filial da Sexy Delícia na Big Apple sofre de muitos problemas herdados de seu antecessor: o furor em torno da rede de sex shops operada pela protagonista continua não convencendo, e a tentativa de imitar comédias americanas se mantém ruidosa, inclusive nos momentos sentimentais envolvendo Alice e seu filho. E os roteiristas ainda acharam uma boa ideia rechear o filme de momentos-anedota — a saber, cenas em que os personagens comportam-se irrealisticamente pelo bem do remate imediato da piada. Mas essa falta de visão de jogo meio onipresente é compensada por uma boa quantidade de sacadas inteligentes, como a aparição pontual, em dois momentos distintos, de uma gravação de Alice quando criança, a qual se mostra reveladora sobre a personagem e sua família. Além disso, é dado mais material à divertida empregada Rosa, e a sua personalidade humilde, se ocasionalmente provocadora de piadas forçadas ("Do you wanna fuck?"), acaba sendo um contraponto saudável à descarada propaganda turística de Nova York que o resto do filme faz — algo que fica acentuado na hilária montagem musical que intercala a fogosa Marcela saindo de lojas de grife com sacolas cheias a Rosa maravilhando-se ao vasculhar as prateleiras de um supermercado.

    Mas a melhor coisa a respeito desse De Pernas pro Ar 2 reside no quanto os realizadores parecem conhecer seu público, presenteando-o com referências sutis e detalhes que ajudam a criar um universo cômico interno — repare, por exemplo, no uso econômico do bizarro funk que se tornou música-tema do primeiro filme, ou no esforço em criar uma mitologia em torno do coelho de pelúcia. Também é notável a participação de Rodrigo Sant'Anna, em que os realizadores resistem à tentação de incluir uma referência óbvia a Valéria Vasques e optam por uma alusão sutil no finzinho da participação do comediante. Mas é claro que nada dessa auto-consciência seria suficiente para redimir a historinha medíocre não fosse o elenco, e a boa notícia é que os atores se mostram bem mais afinados do que no primeiro filme — se Ingrid Guimarães precisava carregar o primeiro nas costas e não conseguia, nessa continuação todos os seus colegas de elenco contribuem para o produto final, inclusive a antes risível Maria Paula, que, surpreendentemente, consegue convencer a maior parte do tempo na pele de Marcela. Avaliando De Pernas pro Ar 2 friamente, o filme não merece mais elogios do que uma romcom americana média, mas graças à sintonia dos atores esse conhecimento é disfarçado com sucesso. E já é ótimo que o enfraquecido gênero da comédia nacional esteja chegando a tanto.

    Classificação final:

    Homens de Preto 3, de Barry Sonnenfeld

    Men in Black 3, EUA, 2012. Ação/Comédia/Sci-fi. 106 min. Direção: Barry Sonnenfeld. Escrito por: Etan Cohen. Elenco: Will Smith, Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Jemaine Clement, Emma Thompson, Michael Stuhlbarg, Mike Colter, Bill Hader, David Rasche, Alice Eve. Classificação indicativa: 10 anos.

    Se você, como eu, não está familiarizado com o universo dos filmes de Barry Sonnenfeld, Homens de Preto 3 pode ser uma boa introdução, já que, desde as cenas iniciais, o roteirista Etan Cohen faz o possível para que nenhum conceito pertinente ao universo maluco dos MIB fique confuso na mente dos não-iniciados. Com o jeitão de um filme-pipoca descompromissado, esse é um daqueles filmes que chegam perto de duas horas e parecem durar 30 minutos, tamanho o seu empenho em entreter uniformemente. E, de quebra, algumas passagens pisam fora da zona de conforto e tornam o filme mais sensível e intelectualmente inspirado que a maioria dos blockbusters. Tomando como ponto de partida dramático a indignação do Agente J com o jeito taciturno e ranzinza de Tommy Lee... err, Agente K, o roteiro começa cedo a se dedicar, ainda que em segundo plano, a explorar a relação entre os dois. Assim, não poderia ser mais conveniente o enredo de viagem no tempo, em que J precisa voltar ao ano de 1969 para impedir que Boris, o Animal mate K e provoque, 40 anos depois, um massivo e incombatível ataque dos Bogloditas à Terra. (LSD much?)

    Isso porque, no passado, J conhece a versão menos-de-30 de K, e a interação entre os dois é inspirada, tanto graças ao roteiro quanto à performance de Josh Brolin (detalhes logo mais). Também é divertido ver o quartel-general dos MIB coberto de apetrechos sessentistas — uma prova do senso de humor da produção e dos diretores de arte, e que condiz perfeitamente com a veia cômica quase surrealista estabelecida pelo filme, e que, imagino, sempre foi uma das marcas registradas da série de Sonnenfeld. O segundo ato inteiro é uma brincadeira com o período, na verdade, com piadas que vão de Andy Warhol ao racismo da polícia. Mas, sight gags à parte, nós ainda estamos falando de viagens no tempo, e é irrepreensível a forma como o filme lida com o conceito, incitando dor de cabeça mais de uma vez sem abrir buracos na lógica e aproveitando a deixa para incluir observações sobre linhas do tempo alternativas através do memorável personagem de Michael Stuhlbarg, o arcaniano Griffin. Melhor que a encomenda para o filme 3 de uma cinessérie de sessão da tarde.

    Não que Homens de Preto 3 seja perfeito, ou sequer perto disso: o diretor muitas vezes falha em estabelecer equilíbrio entre os momentos propositalmente asquerosos e os diálogos de fogo rápido, e tirando uma ou outra piada visual mais inspirada (como aquela logo no começo que envolve Lady Gaga e dura uns dois segundos), o filme não é lá muito inventivo visualmente. Mas o que se poderia esperar de um filme desses está lá, e em profusão: a maquiagem protética é impressionante, o ritmo é perfeito para um filme com o propósito de entreter, e o notável elenco se compromete ao máximo. O que me leva, claro, a Josh Brolin. Se é possível argumentar que Tommy Lee Jones faz o papel dele mesmo, então Brolin praticamente interpreta Jones — e não poderia ser mais bem-sucedido na tarefa, simulando a cadência da voz do ator e seus maneirismos sutis com perfeição absoluta, e chegando por vezes a nos fazer esquecer que é ele e não Jones que aparece na tela. Mas sua atuação não se restringe à imitação, acrescentando também uma inédita camada de leveza e otimismo ao agente K que enriquece a já delicada (e por vezes tocante) análise que o filme faz da relação entre ele e J. Logo, quando Jones volta a surgir na tela no desfecho, passamos, assim como J, a ver seu personagem com outros olhos, o que, no caso, é um feito e tanto. E, como a aparição final de Griffin confirma, Homens de Preto 3 acaba demonstrando ter conhecimento mais que suficiente da própria proposta, e compondo um argumento convincente para a continuação da franquia.

    Classificação final:

    quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

    Resenha 14: "Frankenweenie", de Tim Burton

    Sparky (Frank Welker) em Frankenweenie. © Disney.
    Frankenweenie, EUA, 2012. Animação/Família/Sci-fi/Dramédia. 87 minutos. Direção: Tim Burton. Escrito por: John August. Elenco: Charlie Tahan, Catherine O'Hara, Martin Short, Winona Ryder, Martin Landau, Atticus Shaffer, Robert Capron, James Hiroyuki Liao, Conchata Ferrell, Tom Kenny. Classificação indicativa: Livre.

    Tim Burton é um perfeccionista. É sabido que poucos diretores hoje se entregam tanto ao seu ofício e com tanto preciosismo na construção das histórias, dos personagens e dos sets. Como resultado, seus projetos, bicos de produtor à parte, demoram muito tempo para chegar às telas, e são comuns intervalos de dois anos ou mais entre seus filmes. E se estes nem sempre são obras-primas, ainda há que se admitir que esse diretor amado por tantos e desprezado por tantos outros ainda é, no mínimo, um apaixonado pelo que faz. Assim, seria de se esperar que uma obra como Frankenweenie, possivelmente o projeto mais íntimo e pessoal de Burton, se traduzisse em algo inesquecível, nem que apenas pela fascinação de ter um vislumbre da experiência do cineasta. Ao invés disso, pasme, essa terceira animação em stop-motion do ano se revela a mais decepcionantemente medíocre, tanto visual como narrativamente.

    Por onde começar? O mote de Frankenweenie é interessante, sugerindo a possibilidade de enfocar as discussões complexas do Frankenstein de Mary Shelley e do filme de James Whale do ponto de vista de uma criança. Em vez disso, o filme nunca parece almejar ser mais do que um spoof desajeitado de filmes de terror — isso porque, apesar de clara a intenção de Burton de contar a história de um garoto e seu cachorro, o roteiro se perde em referências óbvias e algumas não tão óbvias a clássicos que já cansaram de ser parodiados, referências que parecem ter sido incluídas na história simplesmente porque os realizadores pensaram "Por que não?". No geral isso seria perdoável, e até condizente com a atmosfera lúgubre do filme, mas Frankenweenie também parece padecer de excesso de confiança, nunca se esforçando em criar uma história convincente ou mesmo plausível para permear a trajetória pessoal dos dois protagonistas e as dezenas de alusões que a acompanham.

    Basta dar um mínimo de processamento aos fatos que alavancam o principal conflito da história para perceber a falta de cuidado (ou seria preguiça?) do roteirista John August: tudo bem que a ideia de um garoto ressuscitando o seu cachorro já jogue a maioria dos obstáculos lógicos pela janela, mas nem por isso é ignorável a unidimensionalidade de crianças que parecem estar dispostas a qualquer coisa, por mais perigosa que seja, pelo que uma delas define como "um troféu grande", ou a função ornamental que cumprem pais que lotam um auditório para derrubar um professor porque não são capazes de entender a ciência (reparem a referência cansada a Plutão). E o que dizer da tensão ridícula criada pela insuportável regra tácita de que os pais não podem saber de nada, por mais dedicados e compreensíveis que sejam?

    Todos esses empecilhos ao funcionamento narrativo do filme, juntamente com uma moral simplista, clichês distraidores e personagens secundários que servem apenas como enfeite (ao contrário do que geralmente se vê na filmografia de Burton), parecem apontar que o filme se contenta em agradar apenas às crianças menores — e falha até mesmo aí, desperdiçando uma excelente oportunidade de dar uma lição sobre "viver e deixar morrer" e servindo um happy ending que só não é mais açucarado por acontecer rápido. E se Burton dedica-se um bom tempo a construir uma simpática lógica interna, qualquer traço de coerência é atropelado no clímax, que vê diversos bichinhos de estimação serem ressuscitados apenas para se transformar em monstrengos agressivos, anfíbios humanoides semelhantes aos Gremlins e até mesmo répteis gigantes (!) sem maiores explicações (e chega até a ser ofensiva a decisão de fazer o garoto asiático despertar uma criatura semelhante à Gamera).

    Mas a pior constatação que se tem ao assistir Frankenweenie diz respeito ao aspecto visual do filme: por mais duro que seja admitir, a idiossincrasia visual dos personagens de Burton está ficando batida. É só comparar esta com as outras animações em stop-motion do ano (a saber, ParaNorman e Piratas Pirados!), e fica impossível ignorar que esta é aquela em que os personagens tem menos expressão, surgindo quase sempre como versões de massinha da Kristen Stewart, e a existência de personagens de design excêntrico como a Garota Esquisita parece ter a função única de nos distrair desse defeito. É pena, considerando a meticulosidade que Burton dá, como sempre, aos cenários e à direção de arte em geral — além do que, a fotografia em preto-e-branco dá indícios iniciais de uma abordagem não-convencional, o que seria mais que bem-vindo no mundo saturado das animações infantis e condiria com produções em stop-motion de anos recentes, e Burton consegue manter a produção em um patamar saudável de peculiaridade durante os 87 minutos de duração.

    Parece até que a minha intenção é destruir o filme, mas na verdade Frankenweenie, no geral, não é ruim. Longe disso. Trata-se de um esforço criativo nobre, com um centro emocional eficaz e sincero, que tem em Victor e seu cachorro Sparky duas das melhores criações recentes do diretor. Fãs de filmes de terror vintage serão facilmente encantados pelas inúmeras referências, assim como os próprios fãs da filmografia de Burton, a qual também é recauchutada extensivamente nas set pieces. O grande problema aqui é uma espécie de confiança excessiva por parte dos realizadores, que, se capazes de criar momentos singelos como aquele em que Sparky finalmente encontra paz ao descansar sobre seu túmulo, também não veem problema em abraçar clichês onipresentes como o do interesse romântico canino. Frankenweenie poderia ser muito pior. Mas também poderia ser muito melhor — e, considerando o potencial em questão, isso é o que marca mais.


    Classificação final:

    terça-feira, 1 de janeiro de 2013

    Awards Season Report #002

    Feliz Ano Novo! As semanas que se passaram desde a longínqua última edição dessa série estiveram repletas de surpresas, incluindo o fato de que o mundo não acabou. Algumas dessas surpresas se enquadram no âmbito da temporada de premiações, e tais surpresas serão debatidas ao longo desse post. Essa semana, haverão indicações importantíssimas (PGA, WGA, DGA), então a próxima edição deverá ter várias mudanças.

    Sem mais delongas, o apanhado.

    MELHOR FILME

    Essa categoria se tornou uma massiva incógnita nessas duas semanas, graças a uma série de fatores: 1. A Hora Mais Escura está sendo considerado uma apologia à tortura. 2. Lincoln é prejudicado por acusações de distorção da história. 3. Os Miseráveis estreou finalmente, e a recepção entre a crítica tem sido anêmica. 4. Argo está ganhando cada vez mais prêmios, mas ainda não tantos quanto os filmes de Bigelow e Spielberg. 5. Todos adoraram Django Livre, mas ele só entrou na conversa agora, nos acréscimos. 6. O Mestre continua se saindo bem nos prêmios da crítica e, dada a sua grande e apaixonada fanbase, tem tudo para ser o A Árvore da Vida de 2012. Além disso, algumas associações de críticos têm optado por dar prêmios principais a filmes improváveis. Resumindo, a disputa para Melhor Filme se transformou em uma grande massa disforme, com Lincoln mais ou menos na frente apesar da contra-campanha (uma das coisas mais desprezíveis das já condenáveis "campanhas" para o Oscar). Vou tentar colocar em perspectiva, mas será difícil.

    Favoritos
    1. Lincoln **************+** [—]
    2. Argo ****+*+*+******+*+**++ [↑2]
    3. A Hora Mais Escura +*+++*+*******+**++** [↓1]

    Boas chances
    4. O Lado Bom da Vida +******+******** [↑1]
    5. Os Miseráveis ************** [↓2]
    6. Django Livre ********* [↑2]
    7. As Aventuras de Pi *****+*** [↓1]

    Correndo por fora
    8. Indomável Sonhadora ************* [↓1]
    9. O Mestre *******++***** [↑1]
    10. Moonrise Kingdom *************** [↓1]

    Na luta
    11. 007: Operação Skyfall *** [↑1]
    12. Looper **** [↑4]
    13. Amour +* [↓2]
    14. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge ** [↑1]
    15. O Impossível ** [↓2]
    16. O Exótico Hotel Marigold ** [↓2]

    Azarões
    17. A Viagem ** [★]
    18. As Vantagens de Ser Invisível * [↓1]
    19. As Sessões * [↓1]
    20. Safety Not Guaranteed + [★]

    MELHOR DIRETOR

    Se A Hora Mais Escura sofre ataques, Kathryn Bigelow ainda é sólida favorita ao prêmio de direção que já conquistou há 3 anos. Embora seja cedo pra falar (o indicador mais importante, o DGA, ainda não aconteceu), Bigelow tem se mostrado popular entre eleitores de prêmios até mesmo quando seu filme não é considerado o melhor do ano. Enquanto isso, Quentin Tarantino pegou todo mundo de surpresa e agora parece mais favorecido para uma indicação do que Tom Hooper e David O. Russell, PT Anderson continua ganhando prêmios da crítica que não ajudarão muito seu polêmico filme, e Wes Anderson despontou justo no momento em que Benh Zeitlin começa a ganhar tração. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. Kathryn Bigelow, A Hora Mais Escura +*+++*+*++**+**+*+*+***+ [—]
    2. Ben Affleck, Argo **++******+*+*++ [—]

    Boas chances
    3. Steven Spielberg, Lincoln ***** [—]
    4. Quentin Tarantino, Django Livre ***+ [↑4]
    5. Ang Lee, As Aventuras de Pi ****+*+* [—]

    Correndo por fora
    6. David O. Russell, O Lado Bom da Vida +**+ [—]
    7. Tom Hooper, Os Miseráveis **** [↓3]
    7. Paul Thomas Anderson, O Mestre *+***+* [—]

    Na luta
    9. Wes Anderson, Moonrise Kingdom **+* [—]
    10. Benh Zeitlin, Indomável Sonhadora ** [—]

    Azarões
    11. Juan Antonio Bayona, O Impossível * [—]
    12. Michael Haneke, Amour [—]
    13. Ben Lewin, As Sessões * [—]
    14. Christopher Nolan, Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge [—]
    15. Sarah Polley, Entre o Amor e a Paixão * [—]

    MELHOR ATRIZ

    Pouca coisa mudou, e Lawrence continua com leve vantagem sobre Chastain no que pode ser a disputa mais acirrada do ano. (Sou capaz até de apostar em um empate a essa altura.) As outras três indicadas já estão praticamente solidificadas, com Emmanuelle Riva cada vez mais confortável, mas Helen Mirren tem algum potencial para surpreender — nem tanto pela recepção a seu trabalho quanto pelo fato de ser Helen Mirren. No bloco das azaronas, Rachel Weisz está em situação cada vez melhor que Cotillard. Colocando em perspectiva:

    Favoritas
    1. Jennifer Lawrence, O Lado Bom da Vida +*+****+*+***++*+*+*+ [—]
    2. Jessica Chastain, A Hora Mais Escura *+++*+*+***+**++++*+ [—]

    Boas chances
    3. Emmanuelle Riva, Amour **+++***+** [↑2]
    4. Naomi Watts, O Impossível ******** [↓1]
    5. Quvenzhané Wallis, Indomável Sonhadora ******* [↓1]

    Correndo por fora
    6. Helen Mirren, Hitchcock ***** [—]
    7. Rachel Weisz, The Deep Blue Sea +** [↑1]
    8. Marion Cotillard, Ferrugem e Osso **** [↓1]

    Na luta
    9. Keira Knightley, Anna Karenina * [—]
    10. Michelle Williams, Entre o Amor e a Paixão +* [—]
    11. Mary Elizabeth Winstead, Smashed * [—]

    Azaronas
    12. Maggie Smith, Quartet * [—]
    13. Judi Dench, O Exótico Hotel Marigold * [—]
    14. Laura Linney, Hyde Park on Hudson * [—]
    15. Meryl Streep, Um Divã Para Dois * [—]

    MELHOR ATOR

    Essa é uma categoria repleta de indagações. Primeiramente, Joaquin Phoenix. Geralmente, com o tipo de buzz e o número de condecorações que ele teve até agora, ele poderia até mesmo ser um dos favoritos à vitória. Mas o que a Academia pensará de suas críticas ao Oscar? Além disso, Bradley Cooper é uma incógnita, já que, embora tenha batido Day-Lewis em mais de um prêmio até agora, também foi omitido nas indicações de vários outros. Há ainda John Hawkes, que, embora não tenha vencido em quase nenhum evento até agora, parece ser a "segunda opção" mais estável. E Hugh Jackman? Pouco tem se falado de seu Jean Valjean, e embora ele tenha sido indicado a prêmios com regularidade, é possível que a recepção morna a Os Miseráveis o prejudique bastante. Diante de todas essas dúvidas, é irônico, portanto, que o vencedor continue sendo a mesma marmelada de antes: ninguém segura Daniel Day-Lewis. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. Daniel Day-Lewis, Lincoln +*++++++*++*+*+*+++++**+ [—]

    Boas chances
    2. John Hawkes, As Sessões **************+ [↑2]
    3. Joaquin Phoenix, O Mestre **+********+**++* [↑3]
    3. Bradley Cooper, O Lado Bom da Vida ++******+ [—]

    Correndo por fora
    5. Denzel Washington, Flight ********** [—]
    6. Hugh Jackman, Os Miseráveis ********* [↓4]
    7. Denis Lavant, Holy Motors **** [↑2]

    Na luta
    8. Bill Murray, Hyde Park on Hudson ** [↓1]
    9. Anthony Hopkins, Hitchcock * [↓1]
    10. Richard Gere, A Negociação * [—]

    Azarões
    11. Jamie Foxx, Django Livre * [—]
    12. Jean Louis Trintignant, Amour [—]
    13. Jack Black, Bernie * [—]
    14. Ben Affleck, Argo [—]
    15. Omar Sy, Intocáveis * [—]

    MELHOR ATOR COADJUVANTE

    Seria razoável esperar que mais uma semana de premiações desse algumas respostas acerca dessa nublada categoria, mas não. Só serviu para apertar ainda mais a disputa entre Hoffman e Jones, e para embaraçar de vez a lista de indicados em potencial. Apenas duas coisas são certas: as coisas estão cada vez mais bonitas para Christoph Waltz e cada vez mais feias para o quase-zebra Ezra Miller. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. Tommy Lee Jones, Lincoln *+*+*****+***+*++*+ [—]
    2. Philip Seymour Hoffman, O Mestre *+**+***+*++*+**+ [—]

    Boas chances
    3. Christoph Waltz, Django Livre **++**+** [—]
    4. Robert De Niro, O Lado Bom da Vida ***+** [—]
    4. Alan Arkin, Argo ********* [↑1]
    4. Matthew McConaughey, Magic Mike +*** [↑1]
    4. Javier Bardem, 007: Operação Skyfall +***** [↑1]

    Correndo por fora
    8. Dwight Henry, Indomável Sonhadora +*+* [↑2]
    9. Leonardo DiCaprio, Django Livre +*** [↓1]
    10. Ezra Miller, As Vantagens de Ser Invisível +** [↓2]

    Na luta
    11. Eddie Redmayne, Os Miseráveis * [—]
    12. Jason Clarke, A Hora Mais Escura * [↑10]
    13. Ewan McGregor, O Impossível * [↑1]
    15. John Goodman, Argo * [↓3]
    15. John Goodman, Flight * [↓3]

    Azarões
    16. Russell Crowe, Os Miseráveis [↓1]
    17. William H. Macy, As Sessões * [↓1]
    18. Jude Law, Anna Karenina [↓1]
    19. Bruce Willis, Moonrise Kingdom * [↓1]
    20. Christopher Walken, Sete Psicopatas e um Shih Tzu * [↓1]

    MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

    Embora Sally Field e Helen Hunt continuem vivas na competição, é cada vez mais claro o grande favoritismo de Anne Hathaway, que continua acumulando quase todos os prêmios. As maiores dúvidas recaem sobre as duas últimas posições, mas Amy Adams e Ann Dowd ainda têm as melhores chances. Judi Dench despontou agora como uma possibilidade realista, e Nicole Kidman e Maggie Smith têm a vantagem de terem sido indicadas ao SAG, o que já se provou fundamental no ano passado com Demián Bichir. Colocando em perspectiva:

    Favoritas
    1. Anne Hathaway, Os Miseráveis +++**+**++*+***++*++++*+ [—]
    2. Sally Field, Lincoln +*+*********+*+ [—]
    3. Helen Hunt, As Sessões **+******+*** [—]

    Boas chances
    4. Amy Adams, O Mestre **+*****+*** [—]
    5. Ann Dowd, Compliance ++***** [—]

    Correndo por fora
    6. Nicole Kidman, The Paperboy ** [—]
    7. Judi Dench, 007: Operação Skyfall ***** [↑2]
    8. Maggie Smith, O Exótico Hotel Marigold * [↓1]

    Na luta
    9. Emma Watson, As Vantagens de Ser Invisível *+** [↓2]
    10. Samantha Barks, Os Miseráveis ** [—]
    11. Jacki Weaver, O Lado Bom da Vida [—]
    12. Emily Blunt, Looper * [★]

    Azaronas
    13. Rebel Wilson, A Escolha Perfeita * [↓1]
    14. Lorraine Toussant, Middle of Nowhere [↓1]
    15. Kerry Washington, Django Livre [↓1]

    MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

    Vou retificar o que disse antes e arriscar que A Hora Mais Escura é o real favorito nessa categoria. Como o filme em si tem se prejudicado na corrida para Melhor Filme apesar de ter sido o mais premiado do ano, é certo que a Academia dará a Mark Boal um prêmio aqui para mostrar a todos que não está tão fora de sintonia assim. Looper e O Mestre são as maiores ameaças, e Wes Anderson e Quentin Tarantino devem completar a lista de indicados com facilidade. O aclamado terror O Segredo da Cabana também tem mostrado força surpreendente, e já pode ser considerado uma ameaça aos favoritos. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. A Hora Mais Escura, Mark Boal +*++***+*+** [↑2]
    2. Looper, Rian Johnson ++*+**+++* [—]
    3. O Mestre, Paul Thomas Anderson **+***+* [↓2]

    Boas chances
    4. Moonrise Kingdom, Wes Anderson e Roman Coppola ******+*+*+ [—]
    5. Django Livre, Quentin Tarantino ******* [—]

    Correndo por fora
    6. Flight, John Gatins ** [—]
    7. O Segredo da Cabana, Joss Whedon e Drew Goddard ***** [↑2]
    8. Amour, Michael Haneke [↓1]

    Na luta
    9. Safety Not Guaranteed, Derek Connolly + [★]
    10. Sete Psicopatas e um Shih Tzu, Martin McDonagh * [↓2]
    11. Entre o Amor e a Paixão, Sarah Polley ** [↑1]
    11. A Negociação, Nicholas Jarecki * [—]

    Azarões
    13. Intocáveis, Eric Toledano e Olivier Nakache * [↓3]
    14. Middle of Nowhere, Ava DuVernay [↓1]
    15. Magic Mike, Steven Soderbergh [↓1]

    MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

    Pouca coisa mudou nas primeiras posições; o receio inicial em relação ao surpreendente sucesso de As Vantagens de Ser Invisível foi elucidado com ainda mais prêmios para o filme. As mudanças mais drásticas estão nos blocos inferiores: Os Miseráveis, como era de se esperar, perdeu a pouca força que tinha nessa categoria e cedeu seu lugar de ameaça ao mais bem-sucedido (em termos de roteiro) Indomável Sonhadora, e o antecipado This Is 40 não conseguiu o apoio da crítica de que precisava para disputar uma indicação. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. Lincoln, Tony Kushner +*+*+*+***+*+** [—]
    2. Argo, Chris Terrio **++**+***++++*+ [—]
    3. O Lado Bom da Vida, David O. Russell *++**+**+***** [—]

    Boas chances
    4. As Vantagens de Ser Invisível, Stephen Chbosky *******++ [—]

    Correndo por fora
    5. As Aventuras de Pi, David Magee +**** [—]
    6. Indomável Sonhadora, Benh Zeitlin e Lucy Alibar *** [↑1]

    Na luta
    7. As Sessões, Ben Lewin * [↑1]
    8. Os Miseráveis, William Nicholson * [↓2]
    9. Anna Karenina, Tom Stoppard * [↑1]
    10. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Christopher e Jonathan Nolan [↑1]

    Azarões
    11. A Viagem, Lana e Andy Wachowski e Tom Tykwer * [↑1]
    12. Bernie, Skip Hollandsworth e Richard Linklater [↑1]
    13. O Exótico Hotel Marigold, Ol Parker [↑1]
    14. 007: Operação Skyfall, Neal Purvis, Robert Wade e John Logan [↑1]

    MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO

    A semana que se passou tem sido frutífera para todos os favoritos, que dividiram os prêmios da crítica de modo uniforme; agora, todos os principais concorrentes contabilizam pelo menos uma vitória na temporada. Todos, menos Valente, provavelmente porque os eleitores desses prêmios estão aproveitando uma das poucas oportunidades que já tiveram para não votar no filme da Pixar. Assim, o antes favorito supremo passa a dar vez a seus oponentes na disputa, e só o tempo e os prêmios dos sindicatos dirão se ele continua no páreo. ParaNorman demonstrou inesperada popularidade com sucessivos prêmios da crítica e já se pode arriscar que seu favoritismo supera o de Frankenweenie, que a essa altura só ganha em caso de uma decisão sentimental. Até mesmo o fracasso de crítica A Origem dos Guardiões tem conseguido vitórias em alguns prêmios (da crítica!), e se firma de vez como o mais provável quinto candidato. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. ParaNorman **++*+***++*++*+* [↑2]
    2. Frankenweenie *+**++*******+*+*+ [↓1]
    3. Detona Ralph **+**+*+***+**+ [—]

    Boas chances
    4. Valente *********** [↓2]
    5. A Origem dos Guardiões *+******+ [—]

    Correndo por fora
    6. O Gato do Rabino * [—]
    7. The Painting [—]
    8. Hotel Transilvânia ** [—]
    9. Madagascar 3: Os Procurados ** [—]
    10. Piratas Pirados! * [—]

    Na luta
    11. From Up on Poppy Hill [—]
    12. O Lórax [—]

    Azarões
    13. A Era do Gelo 4 * [—]
    14. Monty Python: A Autobiografia de um Mentiroso [—]
    15. Todas as outras produções internacionais [—]

    MELHOR DOCUMENTÁRIO

    Saerching for Sugar Man continua na dianteira, com Bullying logo atrás. A Guerra Invisível e The Imposter deram um salto, sobrepujando os antes certos How to Survive a Plague e The Gatekeepers. Mas a maior incógnita ainda é Mea Maxima Culpa, que, apesar do ainda forte fator-surpresa, não tem sido indicado a nada e será muito prejudicado se não se sair bem nos prêmios importantes essa semana. Colocando em perspectiva:

    Favoritos
    1. Searching for Sugar Man *+**+*+***++ [—]
    2. Bullying +****+** [—]

    Boas chances
    3. A Guerra Invisível **++** [↑3]
    4. The Imposter ****++* [↑3]
    5. How to Survive a Plague ++* [↓2]

    Correndo por fora
    6. The Gatekeepers **+ [↓2]
    7. Mea Maxima Culpa: Silence in the House of God [↓2]
    8. Ai Weiwei: Never Sorry *** [—]
    8. The House I Live In ** [↑1]

    Na luta
    10. The Waiting Room + [↑2]
    11. Isto Não É um Filme * [↓1]
    12. Detropia * [↓1]

    Azarões
    13. Chasing Ice + [—]
    14. Ethel [—]
    15. 5 Broken Cameras [—]

    [AS DEMAIS CATEGORIAS TERÃO COMENTÁRIOS CURTOS DE APENAS DEZ PALAVRAS]

    MELHOR FILME ESTRANGEIRO

    Pulo. Mesmo com shortlist, o comitê é imprevisível. (Porém: Amour.)

    MELHOR FOTOGRAFIA

    Pi vs. Skyfall no topo, Miseráveis vs. Hora... no pé.

    1. As Aventuras de Pi, Claudio Miranda ++*++**++**++**+ [—]
    2. 007: Operação Skyfall, Roger Deakins
    *+*+*+*****++* [—]
    3. O Mestre, Mihai Malaimare Jr.
    ***+***+*+* [—]
    4. Lincoln, Janusz Kaminski
    ****** [—]
    5. Os Miseráveis, Danny Cohen
    ***** [—]
    6. A Hora Mais Escura, Greig Fraser +*** [—]
    7. Indomável Sonhadora, Ben Richardson *** [—]
    8. Django Livre, Robert Richardson ** [—]
    9. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Wally Pfister [—]
    10. Moonrise Kingdom, Robert D. Yeoman * [★]

    MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO

    Duas fantasias malucas, dois dramas de época, e Os Miseráveis.

    1. Os Miseráveis, Eve Stewart e Anna Lynch-Robinson ******+ [—]
    2. Anna Karenina, Sarah Greenwood e Katie Spencer
    ******+ [—]
    3. A Viagem, Hugh Bateup e Uli Hanisch e Rebecca Alleway e Peter Walpole
    ++* [—]
    4. Lincoln, Rick Carter e Jim Erickson
    +*** [—]
    5. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, Dan Hennah, Ra Vincent e Simon Bright
    ** [—]
    6. Moonrise Kingdom, Adam Stockhausen e Kris Moran ***+++ [—]
    7. O Mestre, Jack Fisk e Amy Wells *+* [↑1]
    8. As Aventuras de Pi, David Gropman e Anna Pinnock * [↓1]
    9. Prometheus, Alex Cameron e Sonja Klaus + [—]
    10. Argo, Sharon Seymour e Jan Pascale * [—]

    MELHOR TRILHA SONORA

    Prêmios bem-distribuídos ultimamente, mas O Mestre ainda é favorito.

    1. O Mestre, Jonny Greenwood *++*+*+* [—]
    2. As Aventuras de Pi, Mychael Danna
    ***+*** [—]
    3. Lincoln, John Williams
    ****** [—]
    4. Indomável Sonhadora, Dan Romer e Benh Zeitlin
    **+**** [↑1]
    5. Argo, Alexandre Desplat
    +**** [↓1]
    6. Moonrise Kingdom, Alexandre Desplat **+** [—]
    7. A Viagem, Tom Tykwer, Johnny Klimek e Reinhold Heil ***+ [↑1]
    8. 007: Operação Skyfall, Thomas Newman *+*+ [↑1]
    9. Anna Karenina, Dario Marianelli ** [↓1]
    10. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, Howard Shore * [—]

    MELHOR MONTAGEM

    Disputa acirrada entre Hora... e Argo, sem nenhum azarão claro.

    1. A Hora Mais Escura, William Goldenberg e Dylan Tichenor *+++***++* [—]
    2. Argo, William Goldenberg
    **+*+*+* [—]
    3. Os Miseráveis, Melanie Ann Oliver e Chris Dickens
    ** [—]
    4. As Aventuras de Pi, Tim Squyres
    *** [—]
    5. Lincoln, Michael Kahn
    * [—]
    6. O Mestre, Leslie Jones e Peter McNulty *** [—]
    7. A Viagem, Alexander Berner *** [↑2]
    8. 007: Operação Skyfall, Stuart Baird *** [↑2]
    9. O Lado Bom da Vida, Jay Cassidy + [↓2]
    10. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, Lee Smith * [↓2]

    MELHOR MAQUIAGEM

    Com A Viagem desclassificado, indicados são óbvios. Vencedor, nem tanto.

    1. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada * [↑1]
    1. Os Miseráveis
    * [↑2]
    1. Lincoln
    * [↑3]
    4. Hitchcock [↑1]
    5. Homens de Preto 3 [↑1]
    6. Looper [★]
    7. Branca de Neve e o Caçador [★]

    MELHOR FIGURINO

    Deveria se chamar "Anna Karenina e outros filmes de época".

    1. Anna Karenina, Jacqueline Durran **++ [—]
    2. Os Miseráveis, Paco Delgado
    *** [—]
    3. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada, Bob Buck, Ann Maskrey e Richard Taylor
    ** [—]
    4. Lincoln, Joanna Johnston
    ** [—]
    5. A Royal Affair, Manon Rasmussen
    +* [—]
    6. A Viagem, Kym Barrett e Pierre-Yves Gayraud ** [—]
    7. Branca de Neve e o Caçador, Colleen Atwood * [—]
    8. Espelho, Espelho Meu, Eiko Ishioka [—]
    9. Hitchcock, Julie Weiss [—]
    10. Moonrise Kingdom, Kasia Walicka-Maimone [—]

    MELHORES EFEITOS VISUAIS

    Pi cada vez mais favorito absoluto. De resto, nada mudou.

    1. As Aventuras de Pi *+*++*++ [—]
    2. A Viagem
    ***** [—]
    3. O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
    *** [—]
    4. Os Vingadores
    *** [—]
    5. Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge
    ** [—]
    6. Prometheus *** [—]
    7. Branca de Neve e o Caçador * [—]
    8. 007: Operação Skyfall * [—]
    9. John Carter [—]
    10. O Espetacular Homem-Aranha [—]

    MELHOR EDIÇÃO DE SOM

    Categorias de som são imprevisíveis a essa altura. Eu pulo.

    MELHOR MIXAGEM DE SOM

    Os Vingadores ou Os Miseráveis. Mas pulo: categoria completamente imprevisível.

    MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

    Skyfall leva, Miseráveis é ameaça, e Valente almeja indicação dupla.

    1. "Skyfall", de 007: Operação Skyfall **++** [—]
    2. "Suddenly", de Os Miseráveis
    +**** [—]
    3. "Learn Me Right", de Valente
    **** [—]
    4. "For You", de Ato de Valor
    ** [—]
    5. "Still Alive", de Paul Williams Still Alive
    ** [—]
    6. "Touch the Sky", de Valente * [★]
    7. "When Can I See You Again", de Detona Ralph * [↓1]
    8. "Song of the Lonely Mountain", de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada * [★]
    9. "Not Running Anymore", de Stand Up Guys * [↓2]
    10. "Love Always Comes as a Surprise", de Madagascar 3: Os Procurados * [↓2]


    Legenda

    *Indicado ao Grammy.
    *Indicado ao Annie.
    +Vencedor do New York Film Critics Circle Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Satellite Award.
    +Vencedor do National Board of Review Award.
    *Incluído no Top 5 ou Top 10 da NBR.
    +Vencedor do Boston Online Film Critics Association Award.
    *Incluído no Top 10 do BOFCA.
    +Vencedor do/*Indicado ao Washington DC Film Critics Association Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Los Angeles Film Critics Association Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Boston Society of Film Critics Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao San Diego Film Critics Society Award.
    +Vencedor do New York Film Critics Online Award.
    *Incluído no Top 10 do American Film Institute.
    +Vencedor do/*Indicado ao St. Louis Film Critics Award.
    *Indicado ao Critics Choice Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Phoenix Film Critics Society Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Detroit Film Critics Society Award.
    *Indicado ao Screen Actors Guild Award. (Obs.: Como só premia atores, os concorrentes a Melhor Filme marcados são os que foram indicados a Melhor Elenco.)
    +Vencedor do Las Vegas Film Critics Society Award.
    *Incluído no Top 10 do LVFCS.
    *Indicado ao Globo de Ouro.
    +Vencedor do/*Indicado ao Chicago Film Critics Award.
    *Indicado ao Houston Film Critics Society Award.
    +Vencedor do Kansas City Film Critics Circle Award.
    +Vencedor do San Francisco Film Critics Association Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Southeastern Film Critics Association Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Dallas-Fort Worth Film Critics Association Award.
    +Vencedor do Florida Film Critics Circle Award.
    +Vencedor do Austin Film Critics Association Award.
    *Incluído no Top 10 do AFCA.
    +Vencedor do/*Indicado ao Indiana Film Journalists Association Award.
    +Vencedor do/*Indicado ao Utah Film Critics Association Award.
    *Indicado ao Online Film Critics Society Award.
    +Indicado ao Oklahoma Film Critics Circle Award.
    *Incluído no Top 10 do OFCC.
    +Vencedor do Nevada Film Critics Society Award.